Segundo os investigadores, consta ter sido nesta aldeia de Fráguas que viveu e passou a lenda um famoso juiz eleito pelo povo e confirmado pelo rei. O Juiz de Barrelas.
(...)
Que o Juiz de Barrelas era homem desempoeirado e sem papas na língua, capaz de se desenvencilhar do caso mais intrincado sem afectar a sua verticalidade e sempre «dizendo de seu» através de sentenças da sua lavra, tão oportunas quanto justas e por isso sábias.
Que o dissesse um Ministro que lhe escreveu a pretender que ele alterasse uma decisão que condenara um fidalgo de Peva por ter tentado abusar de uma criança, o tratava de maneira não respeitosa e a quem respondeu:
«Senhor Ministro:
Se o cargo que ocupo de Juiz eleito pelo povo, permite a Vossa Mercê tratar-me por tu, cuspo para o cargo; se a minha condição humilde mas honesta, permite a Vossa Mercê tratar-me por tu, cuspo para mim; mas, se nem uma coisa nem outra consentem semelhante linguagem, cuspo para o tratamento.
Peço, pois a Vossa Mercê me informe sobre estas particularidades, para saber ao certo se devo então, cuspir em Vossa Mercê.
Aqui, a justiça é feita em nome de El-Rei e para seu prestígio».
Na verdade a justiça de El-Rei saiu prestigiada, que ainda hoje se fala dele como exemplo. E se conta a história de um assassinato por ele presenciado e por isso inteiramente conhecedor de quem era o criminoso, mas sem que pudesse intervir.
Acusado um inocente, contra quem se erguiam falsas mas avultadas provas circunstanciais e impedido de testemunhar em virtude das suas funções, o Juiz de Barrelas resolveu o caso com a notável sentença:
«Vi e não vi; sei e não sei; corra a água ao cimo; deite-se fogo à queimada; dê-se laço em nó que não corra, etc., etc...
Por tudo isto em face da plena prova do processo, condeno o réu na pena de morte -- mas dou-lhe cem anos de espera para se arrepender dos seus pecados. -- Cumpra-se!».
Juiz de Barrelas
(Inácio Nuno Pignatelli, in O Paiva, ou a Paiva... como também lhe chamam, pág. 71 e 72, Edições Afrontamento, Porto 1998)
A Ponte Velha de Vila Nova de Paiva, a antiga vila de Barrelas, na região do distrito de Viseu a que Aquilino Ribeiro chamou Terras do Demo. Quantas vezes terão o Juiz de Barrelas e Aquilino passado por esta ponte?
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Que o Juiz de Barrelas era homem desempoeirado e sem papas na língua, capaz de se desenvencilhar do caso mais intrincado sem afectar a sua verticalidade e sempre «dizendo de seu» através de sentenças da sua lavra, tão oportunas quanto justas e por isso sábias.
Que o dissesse um Ministro que lhe escreveu a pretender que ele alterasse uma decisão que condenara um fidalgo de Peva por ter tentado abusar de uma criança, o tratava de maneira não respeitosa e a quem respondeu:
«Senhor Ministro:
Se o cargo que ocupo de Juiz eleito pelo povo, permite a Vossa Mercê tratar-me por tu, cuspo para o cargo; se a minha condição humilde mas honesta, permite a Vossa Mercê tratar-me por tu, cuspo para mim; mas, se nem uma coisa nem outra consentem semelhante linguagem, cuspo para o tratamento.
Peço, pois a Vossa Mercê me informe sobre estas particularidades, para saber ao certo se devo então, cuspir em Vossa Mercê.
Aqui, a justiça é feita em nome de El-Rei e para seu prestígio».
Na verdade a justiça de El-Rei saiu prestigiada, que ainda hoje se fala dele como exemplo. E se conta a história de um assassinato por ele presenciado e por isso inteiramente conhecedor de quem era o criminoso, mas sem que pudesse intervir.
Acusado um inocente, contra quem se erguiam falsas mas avultadas provas circunstanciais e impedido de testemunhar em virtude das suas funções, o Juiz de Barrelas resolveu o caso com a notável sentença:
«Vi e não vi; sei e não sei; corra a água ao cimo; deite-se fogo à queimada; dê-se laço em nó que não corra, etc., etc...
Por tudo isto em face da plena prova do processo, condeno o réu na pena de morte -- mas dou-lhe cem anos de espera para se arrepender dos seus pecados. -- Cumpra-se!».
Juiz de Barrelas
(Inácio Nuno Pignatelli, in O Paiva, ou a Paiva... como também lhe chamam, pág. 71 e 72, Edições Afrontamento, Porto 1998)
A Ponte Velha de Vila Nova de Paiva, a antiga vila de Barrelas, na região do distrito de Viseu a que Aquilino Ribeiro chamou Terras do Demo. Quantas vezes terão o Juiz de Barrelas e Aquilino passado por esta ponte?
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